Possivelmente, o termo arte interativa surge em 1990 como uma categoria do Prix Ars Electronica, prêmio atribuído desde 1987 pelo instituto Ars Electronica (Linz, Áustria). A categoria arte interativa inclui muitos tipos de trabalhos, como instalações e performances, caracterizadas pela participação do público, realidade virtual, multimídia e telecomunicação. O projeto Videoplace de Myron Krueger foi o primeiro a receber o prêmio Golden Nica na categoria.
“Os participantes do sistema interativo “Videoplace” de Myron Krueger são identificados por uma câmera de vídeo em tempo real. A imagem é analizada como uma “sombra” na tela. Cada participante (shadowpeople) agora pode interagir com objetos fornecidos pelo sistema de computador e outras pessoas de sombra. O sistema “Videoplace” percebe um ou mais participantes e responde aos seus movimentos em tempo real.” (Myron W. Krueger)
Porém, a idéia de arte participativa é anterior. Em 1957, Marcel Duchamp apresenta em Houston, Texas, em uma reunião da American Federation of the Arts, o texto O ato criador onde ele aborda dois importantes polos da criação artística - o autor e o espectator e também apresenta o conceito de coeficiente artístico.
O coeficiente artístico refere-se a discrepância entre a intenção do artista e a realização da obra, é a relação entre o que não está expressado mas foi intencionado e o que está expressado mas não foi intencionado. “O ato criador não é executado pelo artista sozinho; o público estabelece o contato entre a obra de arte e o mundo exterior, decifrando e interpretando suas qualidades intrínsecas e, desta forma, acrescenta sua contribuição ao ato criador (Duchamp 1965)”. Recentemente, Stephen Wright, no Toward a Lexicon of Usership, revisitou o conceito de coeficiciente artístico.
Em 1962, é criado por George Maciunas, o movimento coletivo, artístico e cultural FLUXUS. Com influência do dadaísmo, trouxe a filosofia zen-budista, o happening e o entrecruzamento de linguagens para a arte. O grupo FLUXUS sugere um modo revolucionário de pensar sobre a prática e o processo da arte, confiando no espectador e no acaso (como Duchamp) como partes fundamentais do ato criador, como por exemplo, na “Exposition of music - eletronic television”, de Nan June Paik, apresentada 1963, na Galeria Parnass, em Wuppertal (Alemanha).
O projeto estava em construção permanente, sujeito a mudanças contínuas provocadas pelos visitantes, por Paik e seus colegas artistas, bem como por defeitos técnicos. Isto foi especialmente complicado em construções com pianos e aparelhos de TV. Tomas Schmit, um dos ajudantes de Paik, observou: “Se algo quebrava, era reparado; ou substituído por outra coisa; ou simplesmente deixado de lado.” Dieter Daniels. (NET)
An Anthology of Chance Operations foi uma publicação do início da década de 1960 que impulsionou a criação do movimento FLUXUS. Foi editado por La Monte Young e DIY co-publicado em 1963 por Young e Jackson Mac Low na cidade de Nova York. Nela encontramos o ensaio Concept Art, onde o termo arte conceitual foi cunhado pelo artista Henry Flynt, em seu artigo de 1961.
Nesse texto, Flynt defende… Ou nas palavras de Sol Lewitt - “na arte conceitual, a idéia ou o conceito é o mais importante aspecto do trabalho. Quando um artista usa uma forma conceitual de arte, isso significa que todo o planejamento e todas as decisões são tomadas de antemão e a execução é um assunto superficial.” (Lewitt 1967)
Duchamp, Marcel. 1965. O ato criador. Disponível em https://asno.files.wordpress.com/2009/06/duchamp.pdf. Acesso em 15 set. 2017.
LeWitt, ‘Paragraphs on Conceptual Art’, Artforum Vol.5, no. 10, Summer 1967, pp. 79-83
NET, Media Art. Media Art Net | Paik, Nam June: Exposition of Music – Electronic Television. text. Disponível em: http://www.medienkunstnetz.de/works/exposition-of-music/images/5/?desc=full. Acesso em: 25 set 2017. |